L'auberge espagnole

"Are you kidding? You say 'le fuck' to say 'university?'"

Ai Lili, desta não te lembraste tu...

"I generally avoid temptation, unless I can't resist it"

Mae West - US movie actress (1892 - 1980)

Adoro tropeçar em pequenas pérolas de sabedoria. Esta roubei no blogue de um amigo. Redondinha, nacarada, pronta a entrar na fiada que vou coleccionando ao peito. Não servem para muito mais. Só se for para dar aos porcos.

Não podiam sair de bocas mais loiras e famosas. Fico feliz só de pensar que não estamos tão completamente desprovidos de exemplares à altura. A nossa Mae West também é quase tão antiga como a outra. Mas ninguém diria! Claro que nada disso se deve a nenhuma corporação espanhola de dermo-abrasão. O segredo é ela estar sempre muito viva, porque isso é o contrário de estar morta. Alguém contesta?

Agora fico à espera das vossas frases de estimação. Aqui na caixa de comentários, façam o favor. O vencedor, escuso de o repetir, ganha um apartamento de luxo ou um automóvel de alta cilindrada. Não se esqueçam também de indicar essa preferência.

Quero justiça

Em debruçado estudo e leitura aprofundada da edição portuguesa da revista FHM deparo-me com essa instituição que é a lista das “100 mulheres realmente sexy”. São estas coisas que interessam mesmo ao país. E eis que caio em mim e na minha condição abominável. Que povo é este. Em primeiro lugar, Angelina “Lara Croft de mamas insufladas” Jolie com os seus lábios flap-flap. Epá, a Angelina já é coisa de 2003. Depois, Merche Romero? Quem é Merche Romero, uma flausina que anda metida com o Cristiano “cabeça de tijolo papa-inglesas” Ronaldo. Não brinquem comigo. Depois, ah e tal sim senhora, aquelas meninas que apelam ao que há de mais básico no homem como a Eva Longoria, a Halle “também-já-chateia” Berry, a Beyoncé “tem-um-traseiro-que-parece-um-heliporto” Knowles e a entradota da Jennifer Lopez. Enfim, as bimbas do costume.
O escândalo, meus amigos, vem a seguir. Eu sei que sou um snobe de sobranceira empinada à Roger Moore, mas ver uma senhora a sério como a Nicole Kidman em quinquagésimo lugar, abaixo desse espécime chamado Catarina “Pimpinha” Jardim com sensualidade de boneca insuflável, é algo para dar vontade de regar a revista a gasolina e dar numa de islamita maluco. O que é isto meus amigos? Pimpolha Jardim em vinte e tais? E a Penélope, por exemplo, que nem consta da lista? Que palhaçada vem a ser esta. Se até já se desvirtua a lista das 100 mulheres realmente sexy (gosto muito do realmente que faz toda a diferença), em que é que o povo vai acreditar afinal? A que é que o povo se vai agarrar de realmente sexy? Ao CDS?

Que tal um pequeno-almoço em Plutão?

Na esperança de que os nossos gélidos amigos ainda nos leiam, apesar de cada vez serem menos os comentários neste blogue (o que resulta evidentemente de vidas sociais intensas), venho aqui propor-vos um magnífico pequeno-almoço em Plutão. Trata-se do último filme de Neil Jordan que vai estrear em Portugal no dia 30 deste mês. Pensei deixar a sugestão mais para o final da semana mas como vos suponho todos muito ocupados resolvi antecipar a notícia para que o possam incluir já na lista de afazeres semanais.

Breakfast on Pluto conta a história de um rapaz que nos anos 70, numa pequena aldeia irlandesa, resolve construir uma realidade muito própria, inventando a sua própria história de família. Indiferente à ideia de absurdo, vai à procura da história que ele mesmo criou, mantendo sempre, e com imensa ternura, a sua originalidade.

À partida, a história, baseada num romance de Patrick McCabe, é bastante simples e não seria tão extraordinária se não fosse o modo como é contada. A personagem principal, e cujo percurso o filme acompanha, é de tal forma encantadora e espirituosa que somos seduzidos por ela ao longo de todo o filme.

A juntar à narrativa, o que torna o filme digno de reparo, é mesmo o desempenho genial do actor – Cillian Murphy – e o seu guarda-roupa, e também as presenças fugidias dos habituais de Neil Jordan: Liam Neeson, Stephen Rea e até Brian Ferry (ex Roxy Music!). A fotografia é lindíssima e da responsabilidade de Declan Quinn, que já fez também Leaving Las Vegas e, entre outros, os filmes de Mira Nair: Kama Sutra (1998), Monsoon Wedding (2001), Hysterical Blindness (2002) e Vanity Fair (2004).

E mais não digo. Eu já vi o filme e é por isso que o recomendo vivamente.

Fico à espera dos vossos comentários.

Parabéns às meninas!

(Sarah Afonso, "As Meninas", 1928)

As meninas fazem anos. A tia Aurora e a chiquíssima mãe siberiana.
Estamos todos de parabéns por começarmos mais uma Primavera a comemorar o aniversário de tão encantadoras donzelas.
Viva! Viva!

Visto na TV

É o lado negro da força. Tom "Freak-da-cientologia" Cruise mata a Oprah. Cá p'ra mim a Nicole também se aborreceu de tanta assadura.

Quem está aí?

Espáduas brancas palpitantes:
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.

Natália Correia
Poesia Completa
1999

Ninguém pára o Benfica, ninguém pára o Benfica...

Viram? Viram?
Viram o golo do Simão? E o de Miccoli?
Ontem, à hora do almoço, os telejornais noticiavam a partida dos adeptos para Liverpool e entre eles seguia o pai de Miccoli, que disse logo à jornalista que o seu filho haveria de entrar na segunda parte para marcar mais um golo.
E o senhor lá sabia... Ainda alguns de nós tinham dúvidas.
Nos primeiros 20 minutos foi só roer unhas, e depois de calarmos a bifalhada, os 2500 benfiqueiros que enchiam o estádio cantaram:
"Ninguém pára o Benfica, ninguém pára o Benfica, ninguém pára o Benfica, oh eh oh!"

Esquadros

"Eu ando pelo mundo prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome dos meninos que têm fome
Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(Quem é ela? Quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle
Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde
Transito entre dois lados, de um lado
Eu gosto de opostos
Expondo meu modo, me mostro
Eu canto para quem?
Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria meu cansaço?
Meu amor, cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado"

Adriana Calcanhotto - Senhas (1992)