BOLINHOS E BOLINHÓS (Coimbra)
“No dia de finados é costume irem os rapazes -os garotos,- munidos de cestinhos ou saquitos, bater às portas designadas na gíria local pelo nome de bolinhos; fazem elles então grande gritaria, cantarolando numa toada monótona os seguintes pseudo-versos:
Bolinhos, bolinhos,
Para mim e para vós,
E para os vossos finados.
Que estão mortos enterrados
Ao pé da bella cruz
Para sempre. Amen. Jesus.
Não é preciso ser muito instruído para conhecer que “bella cruz” é corrupção de “vera cruz”.
Geralmente dão-se á garotada os bolinhos, isto é, figos seccos, nozes, avellãs, doçarias, etc.; porque, se não se lhes entrega alguma offerta, fazem elles um barulho temível, berrando em uníssono:
Esta casa cheira a unto:
Aqui morreu algum defunto.
Esta casa cheira a breu:
Aqui morreu algum judeu.
E a assoada não fica nisto algumas vezes, pois tem uma sequencia de assobios e coisas peores.”
(in: A. C. Borges de Figueiredo, Coimbra Antiga e Moderna, Coimbra, 1886; pp.359-360)
Bolinhos, bolinhos,
Para mim e para vós,
E para os vossos finados.
Que estão mortos enterrados
Ao pé da bella cruz
Para sempre. Amen. Jesus.
Não é preciso ser muito instruído para conhecer que “bella cruz” é corrupção de “vera cruz”.
Geralmente dão-se á garotada os bolinhos, isto é, figos seccos, nozes, avellãs, doçarias, etc.; porque, se não se lhes entrega alguma offerta, fazem elles um barulho temível, berrando em uníssono:
Esta casa cheira a unto:
Aqui morreu algum defunto.
Esta casa cheira a breu:
Aqui morreu algum judeu.
E a assoada não fica nisto algumas vezes, pois tem uma sequencia de assobios e coisas peores.”
(in: A. C. Borges de Figueiredo, Coimbra Antiga e Moderna, Coimbra, 1886; pp.359-360)